Um dos maiores grupos privados do segmento, a CPFL tem investido desde 2006 na instalação de transformadores verdes em sua rede de distribuição. Além de alcançar eficiência operacional cerca de 30% maior do que um aparelho comum, o equipamento tem vida útil mais longa, permanece por menos tempo em manutenção e economiza matérias-primas como ferro, cobre, alumínio, madeira, porcelana e óleo. O transformador verde ainda consome óleo vegetal biodegradável, que não é inflamável na temperatura de operação de um transformador e se decompõe em 45 dias, diminuindo os impactos ao meio ambiente. A inovação recebeu prêmio Finep de Inovação 2012, na categoria Inovação Sustentável. "No início, quando estávamos estudando essa solução, o uso do óleo era seis a sete vezes mais caro que o tradicional, mas oferecemos a ideia à CPFL, que topou o desafio. Fomos construindo parceiras para viabilizar a tecnologia", diz José Mak, sócio da B&M, primeira empresa privada a se dedicar a projetos de P&D para o setor elétrico e que ajudou na solução usada pela CPFL. Um fornecedor de óleo de soja abriu uma unidade no interior de São Paulo, enquanto uma fabricante de bens de capital, a Itaipu Transformadores, aceitou participar da ideia e começou a produzir lotes sob as novas especificações. Hoje são pouco mais de cinco mil transformadores já instalados e a expectativa é de que esse número cresça ao longo dos próximos anos.
O apelo ambiental se une à questão técnica: além de perdas menores, ele produz menos falhas que o tradicional e não pega fogo por usar óleo vegetal em vez de combustível. "A troca do óleo mineral pelo vegetal reduz também o risco de acidentes ambientais", diz o diretor de engenharia da CPFL Energia, Paulo Ricardo Bombassaro. A ideia é que, a partir desse ano, todos os novos transformadores adquiridos pela empresa, que tem oito distribuidoras no Brasil, sejam verdes. "Nossa rede é composta de cerca de 300 mil transformadores, cuja vida útil é de 20 anos, portanto a mudança completa levará algum tempo, mas a partir desse ano todos os novos transformadores comprados serão verdes."
Hoje o transformador verde custa entre 5% a 10% mais que o tradicional, mas a expectativa é de que esse preço caia. "Como temos a decisão de trocar todos os nossos transformadores, isso deverá criar uma escala que pode reduzir ainda mais o custo dos equipamentos a partir desse ano", afirma o diretor. A CPFL também está atenta à energia solar. No fim do ano passado, entrou em operação a primeira usina solar do Estado de São Paulo, com 1,1 MW de potência instalada, resultado de um investimento de R$ 13,8 milhões. A intenção é conhecer mais essa fonte de energia, com grande potencial no Brasil. O projeto foi financiado com recursos de P&D da Aneel, da Finep e investimento da própria CPFL Renováveis. "Nosso investimento foi o primeiro a entrar em operação dos desenvolvidos pela chamada pública da Aneel sobre energia solar e queremos aprender com ele. A Alemanha tem cerca de 25 GW de energia solar instalada e nós também estamos estudando como a fonte ingressou lá", destaca.
A empresa também se antecipa à revolução que as redes inteligentes de energia poderão trazer para os consumidores. Resolução da Aneel publicada em 2012 permite que o consumidor residencial que tiver excedente de geração de energia de fonte própria, como energia solar, possa acumular créditos para descontar da conta de luz elétrica a partir de 2013. O tema inclusive já foi tratado pela presidente da República, Dilma Rousseff, em seu programa "Café com a Presidenta" ano passado. Desde dezembro, a empresa mantém um site em que fornece informações para que os consumidores possam entender como funciona a regulação e o que devem fazer para se tornarem microgeradores. "Recebemos dois pedidos, um de um prédio residencial em Jundiaí, e um de uma casa em Ribeirão Preto, ambos interessados em instalar painéis fotovoltaicos e instalar medidores inteligentes para poderem fazer trocas com a nossa rede", comenta. A empresa ainda está analisando os projetos dos dois consumidores.
Movida a água
Com uma das matrizes mais limpas do mundo, baseada na hidroeletricidade, responsável pela geração de 80% da energia elétrica no país, o setor elétrico tem buscado investir em novas tecnologias para ampliar sua liderança no uso de fontes limpas. A emissão de gases de efeito estufa do setor elétrico nacional é cem vezes menor do que a vista na China e nos EUA. Um dos motores dos projetos na área é a determinação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) de que as concessionárias invistam 0,5% da sua receita operacional líquida em pesquisa e desenvolvimento de novas soluções. A B&M, primeira empresa privada a se dedicar a projetos de P&D para o setor elétrico, está desenvolvendo um óleo hidráulico para ser usado em usinas térmicas, com menor impacto ambiental, sendo biodegradável e solúvel em água. "Se ele cair em um efluente, poderá ser biodegradado em 45 dias, além desse ganho ambiental, ainda tem um custo 20% mais baixo que o tradicional", diz José Mak, sócio da empresa, que prevê iniciar a comercialização do óleo em breve. A TermoPernambuco testa o produto. (RR)
A CPFL Energia está investindo R$ 4,3 milhões na compra de transformadores desenvolvidos através de seu programa de Pesquisa e Desenvolvimento para serem menos agressivos ambientalmente e de maior vida útil.
Este transformador é resultado de um projeto de Pesquisa e Desenvolvimento iniciado em 2002, desenvolvido pela B&M Pesquisa e Desenvolvimento em parceria com a fabricante de transformadores Itaipu para a CPFL.
Com a continuidade deste projeto, está prevista a ampliação da linha para outras classes de potências e tensões.
Em novembro de 2007, foi apresentado pelo engenheiro Vagner Vasconcelos (gerente do projeto) em Araxá (MG), no IV Congresso de Inovação Tecnológica em Energia Elétrica (Citenel). Dentre 122 trabalhos técnicos foi destacado para receber a Menção Honrosa Informe Técnico – Primeiro Lugar.
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