quarta-feira, 13 de março de 2013
LINGUAGEM, ADEQUAÇÃO E DIFICULDADES DA LÍNGUA PORTUGUESA Nº 1
A redação deve ser um ato efetivo de comunicação. Por isso, ao escrever, você deverá levar em conta diversos fatores que determinam o tipo de texto a ser produzido. Ao escrever, o emissor deverá ter em mente o contexto em que sua mensagem será produzida. Desse contexto, é importante salientar a finalidade do texto e o receptor a que ele se destina. A finalidade do texto Você já sabe que, toda vez que o objetivo for simplesmente informar alguma coisa a alguém (como acontece nos jornais, nos textos técnicos, nos livros didáticos etc.), a função predominante da linguagem será a referencial. Entre os dois textos que seguem, o primeiro é o mais adequado para ser utilizado numa aula de geografia. Compare-os.
Texto 1 Brasília, sede administrativa do país, foi inaugurada pelo presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira, em 21 de abril de 1960, após 1000 dias de construção. Em 1987, foi tombada pela Unesco como patrimônio Cultural da Humanidade. (Folheto da Setur - Secretaria de Turismo do Distrito Federal).
Texto 2 ( Brasília: esplendor, por: Clarice Lispector) Brasília é uma cidade abstrata. E não há como concretizá-la. É uma cidade redonda e sem esquinas. Também não tem botequim para a gente tomar um cafezinho. É verdade, juro que não vi esquinas. Em Brasília não existe cotidiano. A catedral pede a Deus. São duas mãos abertas para receber. Mas Niemeyer é um irônico: ele ironizou a vida. Ela é sagrada. Brasília é uma piada estritamente perfeita e sem erros. (...) Brasília é um futuro que aconteceu no passado. Dependendo então, do seu objetivo como emissor, você escreverá um texto em que predomine função referencial, poética, emotiva, fática, metalinguística ou conativa. O receptor a quem se destina o texto Quando escrevemos, precisamos ter em mente, ainda que de forma genérica, o tipo de receptor a quem o nosso texto se destina. Descrever um hipopótamo para uma criança é diferente de fazê-lo para um zoológico. Narrar um jogo de futebol para um leigo é diferente de fazê-lo para um especialista no assunto. Para tornar-se uma pessoa que se expressa bem em língua portuguesa, você precisa saber quando empregar o nível culto ou o coloquial da linguagem. Adequar o nível de linguagem ao contexto e ao receptor é, pois, requisito básico para se escrever bem.
Noções de Interlocução
A noção de interlocução é importantíssima para qualquer trabalho com a linguagem. Partindo do pressuposto que a linguagem é o meio de interação entre as pessoas e que é socialmente compartilhada, temos como evidente que os indivíduos a ajustam, artificial ou naturalmente, dependendo de quem são (interlocutores), de onde estão e do fim visado (situação de comunicação). A noção de interlocução - que envolve os dois interlocutores e a situação - é uma noção fundamental para qualquer trabalho com a linguagem. Foi escolhida por nós como uma das competências necessárias para se chegar a ser um bom leitor e um bom usuário da língua, falada e escrita, porque a língua que nos interessa estudar e analisar é a língua em uso, que se dá entre aquele que fala ou escreve e aqueles que lêem ou escutam. A noção de interlocução, além de supor a existência de um locutor (o sujeito que fala ou escreve) e de alguém a quem a enunciação é dirigida (o interlocutor), supõe necessariamente a existência de uma situação, a situação de comunicação. É só no cruzamento de um locutor com um interlocutor numa situação específica que um enunciado ganha sentido. *Tomemos como exemplo a frase Estou com frio. É possível imaginar diversas situações em que ela poderia ser proferida e os mais variáveis sentidos que poderiam ser a ela atribuídos:
1) Feche a janela, por favor.
2) Você sempre deixa a janela aberta.
3) Me aqueça.
4) Vamos embora?
Tomemos como segundo exemplo a frase Há mendigos novamente morando embaixo da ponte. Imagine a diversidade de sentidos que ela pode ter, se proferida por um vereador preocupado com o embelezamento de sua cidade, se proferida por uma assistente pessoal,se proferida por um comerciante das redondezas, etc. Uma situação de escrita ou mesmo de fala não se dá sempre em forma de diálogo. Isto não significa, no entanto, que não haja um locutor, um interlocutor e uma situação de comunicação. Um conto, por exemplo: ele é narrado por alguém (neste caso, temos um narrador como locutor) e ele é escrito para alguém (os interlocutores, neste caso, são leitores imaginados). Um discurso de um candidato a um cargo político tem como locutor, obviamente, o candidato; como interlocutores, os possíveis eleitores, os partidários e os adversários; a eles o político se dirige e a eles tentará sensibilizar, comover, persuadir, dissuadir. Chegamos assim a perceber que a noção de interlocução traz outra, atrelada a ela: a noção de adequação da linguagem aos interlocutores, à situação de comunicação e à intenção. Quando escrevemos, precisamos ter em mente, ainda que de forma genérica, o tipo de receptor a quem o nosso texto se destina. Descrever um hipopótamo para uma criança é diferente de fazê-lo para um zoológico. Narrar um jogo de futebol para um leigo é diferente de fazê-lo para um especialista no assunto. Para tornar-se uma pessoa que se expressa bem em língua portuguesa, é necessário saber quando empregar o nível culto ou o coloquial da linguagem. Adequar o nível de linguagem ao contexto e ao receptor é, pois, requisito básico para se escrever bem. Adequação de linguagem é a arte de escrever para todo o tipo de pessoa, desde o mais letrado, até aquele com habilidade menores de linguagem e vocabulário.
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