domingo, 7 de abril de 2013

"TRATAMENTO DE LIXO" & "EUTROFIZAÇÃO"

Tecnicamente lixo é qualquer resíduo decorrente da atividade humana, cujo descarte pode ter tratamento ou não. Os resíduos podem ser gasosos, líquidos ou sólidos, mas somente os últimos estão abordados.

O lixo não tratado, simplesmente depositado nos “lixões”, tem um enorme potencial de contaminação do solo, da água e do ar, principalmente o de origem hospitalar ou industrial, e, por isso, estas instalações têm sofrido crescentes restrições e condicionantes para o licenciamento ambiental.
Atualmente, as modernas técnicas de tratamento do lixo em aterros sanitários amenizam os seus efeitos nocivos através de processos de incineração, desinfecção ou esterilização, enquanto o desenvolvimento de novas tecnologias busca a sua exploração rentável através da transformação da fração orgânica (adubos), da reciclagem industrial (materiais) ou do aproveitamento energético (biogases).
Quanto à natureza, os resíduos sólidos são divididos em dois grandes grupos, os biodegradáveis e os que não se decompõem biologicamente. Os não degradáveis ou considerados recicláveis têm a vantagem de afetar menos os processos de destinação sanitária, mas pelo seu efeito cumulativo causam transtornos no acondicionamento e reduzem vida útil nos aterros. A coleta seletiva do lixo doméstico, ao facilitar a reciclagem, reduz o seu acúmulo e poluição, além de agregar alguma renda ao processo.

Mas o lixo que sofre decomposição biológica apresenta maior potencial de aproveitamento porque é produzido em maior volume (principalmente os orgânicos do lixo doméstico) e, nas grandes cidades, já apresenta escala para o processamento industrial sustentável. Este processo tem como agentes bactérias e fungos que são microorganismos que se alimentam de plantas e animais em decomposição e ocorre em presença de oxigênio (aeróbio) ou não (anaeróbio). A decomposição biológica gera, entre outros subprodutos, um líquido negro e malcheiroso chamado “chorume”, poluidor do solo e das águas quando não tratado, e ainda com o agravante de transportar os metais pesados que, eventualmente, estejam presentes no lixo. No Brasil, o chorume, neutralizado parcialmente com tratamento prévio, sobrecarrega as estações de tratamento de esgoto onde costuma ser lançado.
Mesmo sem maiores considerações técnicas, a população em geral pode constatar que existem milhares de especialistas pesquisando, estudando e trabalhando para oferecer-lhe o melhor possível. Mas o equacionamento do problema depende mais do comportamento de todos do que da Engenharia Sanitária e Ambiental. As três ações para o controle do lixo (3Rs) que as organizações ambientais defendem mostram claramente o papel de cada um na questão do lixo: reduzir, reutilizar e reciclar.

Embora o termo lixo se aplique aos resíduos sólidos em geral, muito do que se considera lixo pode ser reutilizado ou reciclado, desde que os materiais sejam adequadamente tratados. Além de gerar emprego e renda, a reciclagem proporciona uma redução da demanda de matérias-primas e energia, contribuindo também para o aumento da vida útil dos aterros sanitários.

Certos resíduos, no entanto, não podem ser reciclados, a exemplo do lixo hospitalar ou nuclear.·.
Tipos de resíduos

● Resíduos orgânico: O chamado lixo orgânico tem origem
animal ou vegetal. Nessa categoria inclui-se grande parte do lixo doméstico, restos de alimentos, folhas, sementes, restos de carne e ossos, etc. Quando acumulado ou disposto inadequadamente, o lixo orgânico pode tornar-se altamente poluente do solo, das águas e do ar. A disposição inadequada desses resíduos cria um ambiente propício ao desenvolvimento de organismos patogênicos. O lixo orgânico pode, entretanto ser objeto de compostagem para a fabricação de adubos ou utilizado para a produção de combustíveis como biogás, que é rico em metano.
● Resíduo sólido urbano: inclui o resíduo doméstico assim como o resíduo produzido em instalações públicas (parques, por exemplo), em instalações comerciais, bem como restos de construções e demolições.
● Resíduo industrial: é gerado pela indústria, e pode ser altamente prejudicial ao meio ambiente e à saúde humana.
● Resíduo hospitalar: é a classificação dada aos resíduos perigosos produzidos dentro de hospitais, como seringas usadas, aventais, etc. Por conter agentes causadores de doenças, este tipo de lixo é separado do restante dos resíduos produzidos dentro de um hospital (restos de comida, etc.), e é geralmente incinerado. Porém, certos materiais hospitalares, como aventais que estiveram em contato com raios eletromagnéticos de alta energia como raios X, são categorizados de forma diferente (o mencionado avental, por exemplo, é considerado lixo nuclear), e recebem tratamento diferente.
● Resíduo nuclear: composto por produtos altamente radioativos, como restos de combustível nuclear, produtos hospitalares que tiveram contato com radioatividade (aventais, papéis, etc.), enfim, qualquer material que teve exposição prolongada à radioatividade ou que possui algum grau de radioatividade. Devido ao fato de que tais materiais continuam a emitir radioatividade por muito tempo, eles precisam ser totalmente confinados e isolados do resto do mundo.

● Resíduos de construção e demolição: abreviadamente conhecidos por RCD, são resíduos provenientes de obras civis - construção, reconstrução, ampliação, alteração, conservação e demolição ou derrocada de edificações, assim como o solo e lama de escavações.
● Resíduos portuários, aeroportuários e de outras áreas alfandegárias: Todos os resíduos provenientes de outros países podem ser classificados como perigosos, pois são possíveis agentes contaminantes e vetores de doenças endêmicas. Os resíduos considerados perigosos são incinerados com os mesmos cuidados utilizados na eliminação de lixo hospitalar.
Disposição final de resíduos sólidos

●  Aterros sanitários: Aterros sanitários são considerados como uma solução prática, relativamente barata de disposição final de resíduos urbanos e industriais - inclusive de resíduos que poderiam ser reciclados. Todavia demandam grandes áreas de terra, onde o lixo é depositado. Após o esgotamento do aterro, essas áreas podem ser descontaminadas e utilizadas para outras finalidades. Todavia, se o aterro não for adequadamente impermeabilizado e operado, constitui-se em fator de poluição ambiental e contaminação do solo, das águas subterrâneas e do ar. A poluição se deve ao processo de decomposição da matéria orgânica, que gera enormes quantidades de chorume (fluido que se infiltra para o solo e nos corpos de água) e biogás, composto de metano e outros componentes tóxicos.
A construção do aterro sanitário requer a instalação prévia de mantas impermeabilizantes, que impedem a infiltração do chorume no solo e no lençol freático. O líquido que fica retido no aterro, o chorume, é então conduzido até um sistema de tratamento de efluentes para posterior descarte em condições que não agridam o meio ambiente.
● Lixões: vazadouro ou descarga de resíduos a céu aberto é uma forma inadequada de disposição final de resíduos sólidos, que se caracteriza pela simples descarga do lixo sobre o solo, sem medidas de proteção ao meio ambiente ou à saúde pública.
No "lixão" não há nenhum controle quanto aos tipos de resíduos depositados. Resíduos domiciliares e comerciais de baixa periculosidade são depositados juntamente com os industriais e hospitalares, de alto poder poluidor. A presença de catadores, que geralmente residem no local, e de animais (inclusive a criação de porcos), os riscos de incêndios causados pelos gases gerados pela decomposição dos resíduos constituem riscos associados aos lixões.
●  Coprocessamento: é o sistema utilizado com o uso de resíduos industriais e/ou urbanos, no processo de fabricação do cimento, a fim de gerar energia e/ou recuperação de recursos e resultar na diminuição do uso de combustíveis fósseis e/ou substituição de matéria-prima.

● Incineradores: reduzem o lixo a cinzas. São altamente
poluidores, gerando dioxinas e gases de efeito estufa. É o método utilizado para a destruição de lixo hospitalar, que pode conter agentes causadores de doenças potencialmente fatais. No século passado até meados dos anos cinquenta era prática comum, o resíduo industrial e até a matéria orgânica serem eliminados com uso de grandes fornos por dissipação atmosférica das chaminés.
● Compostagem: É um tratamento aeróbico, através do qual a matéria orgânica é transformada em adubo ou composto orgânico.

● Biogasificação: A biogasificação ou metanização é um tratamento por decomposição anaeróbica que gera biogás, formado por cerca de 50% de metano e que pode ser utilizado como combustível.
O resíduo sólido da biogasificação pode ser tratado aerobicamente para formar composto orgânico.
● Confinamento permanente: O lixo altamente tóxico e duradouro, e que não pode ser destruído, como lixo nuclear, precisa ser tratado e confinado permanentemente, e mantido em locais de difícil acesso, tais como túneis escavados a quilômetros abaixo do solo.

● Reciclagem: é o processo de reaproveitamento de resíduos sólidos orgânicos e inorgânicos. É considerado o melhor método de destinação do lixo, em relação ao meio ambiente, uma vez que diminui a quantidade de resíduos enviados a aterros sanitários, e reduz a necessidade de extração de matéria-prima diretamente da natureza. Porém, muitos materiais não podem ser reciclados continuadamente (fibras, em especial). A reciclagem de certos materiais é viável, mas pouco praticada, pois muitas vezes não é comercialmente interessante. Alguns materiais, entretanto, em especial o chamado lixo tóxico e o lixo hospitalar, não podem ser reciclados, devendo ser eliminados ou confinados. Fraldas descartáveis são recicláveis. No processo de reciclagem, que além de preservar o meio ambiente também gera riquezas, os materiais mais reciclados são o vidro, o alumínio, o papel e o plástico. Esta reciclagem contribui para a diminuição significativa da poluição do solo, da água e do ar. Muitas indústrias estão reciclando materiais como uma forma de reduzir os custos de produção.

Um outro benefício da reciclagem é a quantidade de empregos que ela tem gerado nas grandes cidades. Muitos desempregados estão buscando trabalho neste setor e conseguindo renda para manterem suas famílias. Cooperativas de catadores de papel e alumínio já são uma boa realidade nos centros urbanos do Brasil.
A seleção de lixo consistiria em separação de todos os diferentes tipos de material descartado, citando aqui os mais comuns:
- madeira (para fins de artesanato, fábricas de derivados de madeira, etc.);
- papel (matéria prima para celulose);
- plástico (matéria prima para indústria de plásticos);
- borracha/ pneu (para trituração e uso industrial);
- isopor; - metal (para siderúrgica);
- alumínio (para indústria);
- vidro (matéria prima para indústria de vidro);
- componentes eletro/eletrônicos (seleção e tratamento específico);
- material e entulhos provindos de construção civil;
- pilhas e baterias usadas (tratamento específico);
- óleo usado de cozinha (matéria prima para produzir biocombustível);
- toda matéria orgânica (adubo);
- lixo hospitalar (destinado à incineração).

Formas de tratamento de lixo

● Lixo Hospitalar: quando despejado e abandonado na natureza pode acarretar varias doenças incluindo infecções e contaminações. A coleta e o tratamento do lixo hospitalar é uma das maneiras mais adequadas para a eliminação desse tipo de lixo. A incineração é benéfica e auxilia para o desaparecimento sobrando somente cinzas. Entre os lixos considerados mais perigosos quando em contato com o homem são as seringas, agulhas, e outros materiais contaminados. A melhor solução para o lixo hospitalar, portanto é a incineração.

● Lixo Orgânico: O lixo orgânico é todo resíduo de origem animal ou vegetal que não são mais utilizados, esse tipo lixo é muito presente em casas e estabelecimentos de alimentação. Os lixos produzidos pela natureza também pode ser considerado orgânico, esses resíduos podem ser reutilizados para adubação de plantas formando um calcário que proporciona ao solo à neutralização da acidez e redução do manganês do ferro e do alumínio que são tóxicas as plantas quando em grande quantidade. O tratamento para esse tipo de lixo deve ser permanente e cuidadoso, pois pode causar mau cheiro, aparecimento de bactérias e fungos, surgimento de insetos e ratos transmissores de doenças.

● Lixo Industrial: Todas as indústrias sejam elas metalúrgicas, alimentícias, químicas produz grande quantidade de lixo e essa variedade de diferentes lixos podem ser inimigos da natureza contribuindo e muito para a poluição. Esses materiais e resíduos devem ser eliminados de forma não agressora requerendo um tratamento especial. A melhor forma de tratamento a se fazer é a conscientização das indústrias sobre o desleixo de vazamento de líquidos e outros resíduos agressores ao meio ambiente e aos homens. O controle e a fiscalização do lixo devem ser de responsabilidade da agencia ambiental de caca estado.
Se cada pessoa fizer a sua parte e tiver consciência e utilizar as mais variadas formas de tratamento já estará contribuindo para que o planeta fique mais saudável e consequentemente as pessoas também.


EUTROFIZAÇÃO


O termo vem do grego "eu", que significa bom, verdadeiro e "trophein", nutrir. Assim, eutrófico significa "bem nutrido".
Eutrofização, ou eutroficação, é o fenômeno causado pelo excesso de nutrientes (compostos químicos ricos em fósforo ou nitrogênio) numa massa de água, provocando um aumento excessivo de algas. Por sua vez, estimulam o desenvolvimento dos consumidores primários e eventualmente de outros elementos da teia alimentar nesse ecossistema. Este aumento da biomassa pode levar a uma diminuição do oxigênio dissolvido, provocando a morte e consequentemente decomposição de muitos organismos, diminuindo a qualidade da água e eventualmente a alteração profunda do ecossistema.  O excesso de nitratos lixiviados também promove a ocupação por plantas superiores onde estas geralmente não ocorriam e dessa forma também sufocando ambientes anteriormente equilibrados.

As principais fontes de eutrofização são as atividades humanas industriais, domésticas e agrícolas – por exemplo, os fertilizantes usados nas plantações podem escoar superficialmente ou dissolver-se e infiltrarem-se nas águas subterrâneas e serem arrastados até aos corpos de água mencionados. Ao aumento rápido de algas relacionado com a acumulação de nutrientes derivados do azoto (nitratos), do fósforo (fosfatos), do enxofre (sulfatos), mas também de potássio, cálcio e magnésio, dá-se o nome de "florescimento" ou "bloom" – dando uma coloração azul-esverdeada, vermelha ou acastanhada à água, consoante as espécies de algas favorecidas pela situação.
Estas substâncias são os principais nutrientes do fitoplâncton (as "algas" microscópicas que vivem na água), que se pode reproduzir em grandes quantidades, tornando a água esverdeada ou acastanhada. Quando estas algas começam a morrer, cria-se uma camada espessa que impossibilitam à entrada de luz na água e impedem a realização da fotossíntese pelos organismos presentes nas camadas mais profundas a sua decomposição, pode tornar aquela massa de água pobre em oxigênio, provocando a morte de algas, peixes e outros animais, a formação de gases tóxicos ou de cheiro desagradável a proliferação de bactérias decompositoras e o aumento do consumo de oxigênio por estes organismos. Além disso, algumas espécies de algas produzem toxinas que contaminam as
fontes de água potável. Em suma, muitos efeitos ecológicos podem surgir da eutrofização, mas os três principais impactos ecológicos são: perda de biodiversidade, alterações na composição das espécies (invasão de outras espécies) e efeitos tóxicos.
Depois das enchentes catastróficas, do assoreamento pleno e do rompimento do dique, a eutrofização é o maior desastre ambiental que pode ocorrer num lago ou reservatório. O enriquecimento com Nutrientes (P, N, C e outros) das águas conduz a uma proliferação exagerada da flora aquática, ao ponto de prejudicar a fauna, obstruir condutos e impedir a navegação.
  
O estado trófico de um manancial é um conceito híbrido. Refere-se ao estado nutricional (especialmente devido ao fósforo) de um lago ou reservatório, mas é sempre descrito em termos da atividade biológica que ocorre como resultado dos níveis nutricionais. Principais estados tróficos são os seguintes:

Oligotrófico: bordas escarpadas; águas claras; baixo enriquecimento com nutrientes; pouco desenvolvimento planctônico; baixa produtividade; poucas plantas aquáticas; areia ou rochas ao longo da maior parte da costa; peixes de água fria; e elevado teor de oxigênio dissolvido.
Mesotrófico: moderado enriquecimento com nutrientes; moderado crescimento planctônico; alguma acumulação de sedimentos na maior parte do fundo; e, em geral, suporta espécies de peixes de águas mais quentes.
Eutrófico: elevado enriquecimento de nutrientes; muito crescimento planctônico (alta produtividade); extensa área coberta com plantas aquáticas; muita acumulação de sedimentos no fundo; baixos níveis de oxigênio dissolvido no fundo; e contem apenas espécies de peixes de águas quentes.
Hipertrófico: enriquecimento máximo de nutrientes; número excessivo de algas e plantas aquáticas (ao ponto de impedir ou dificultar a navegação). Exige intervenção do homem.
Nível de Eutrofização
Para investigar o nível de eutrofização da água considera-se os parâmetros: fósforo total, fosfato inorgânico e clorofila, com modificações para sistemas tropicais. Essa relação gerou um índice chamado de Índice de Estado Trófico - IET, mostrado na tabela abaixo:


ESTADO TRÓFICO
IET
Oligotrófico
< 44
Mesotrófico
44 - 54
Eutrófico
54 - 74
Hipereutrófico
>74




Na Espanha, cerca de 30% das albufeiras estão eutrofizadas e, em Portugal, as lagoas açorianas das Sete Cidades, das Furnas e do Fogo encontram-se também em adiantado estado de eutrofização.

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